Seguro de Vida Resgatável

Como funcionam os seguros resgatáveis?

Embora seja um termo muito conhecido não existe exatamente uma categoria de seguros de vida chamada de seguros resgatáveis. Basicamente temos duas formas principais de categorizar os regimes de como são estruturados financeiramente os seguros de vida:

  • Regimes:
    • Regime de Partição Simples: Nesta modalidade de seguro você paga exclusivamente pelo risco envolvido nas coberturas contratadas. 
    • Regime de Capitalização ou Acumulação: Nessa modalidade de seguro, além do risco envolvido nas coberturas contratadas, você também paga um valor adicional para constituição de uma reserva financeira.
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Para que serve a reserva financeira?

Basicamente as reservas financeiras serão utilizadas para financiar o que se conhece como taxa nivelada.

Os seguros em regime de repartição simples são atualizados periodicamente por dois fatores, sendo um deles a inflação do período (que reajusta não só a mensalidade como também a indenização a receber) e o outro a idade do segurado. Quanto mais velho o segurado, maior o risco de receber a indenização, sendo assim um fator de correção da mensalidade é aplicado para adequar as coberturas da apólice aos riscos envolvidos.

Os seguros com regime de capitalização são atualizados periodicamente somente pela inflação, a reserva financeira é utilizada para não se atualizar a mensalidade de acordo com a idade do segurado, este mecanismo de financiamento é conhecido como taxa nivelada, assim.

  • Taxa nivelada:
    • Não há correção periódica da mensalidade do seguro de vida de acordo com a idade do segurado, pelo tempo de contratação da apólice.

Como funciona o tempo de contratação?

Os seguros em regime de repartição simples, para sua cobertura principal, são contratados sem limite de tempo, ou seja, podem ser renovados indefinidamente de acordo com a vontade do segurado e a disposição da seguradora em continuar aceitando o risco, o que ocorre tipicamente do forma automática.

Já os seguros em regime de capitalização são divididos basicamente em duas formas de contratação em relação ao tempo de duração da apólice.

  • Temporários:
    • Você pode escolher o período de vigência da apólice, tipicamente entre 10 e 35 anos. A ideia por trás do seguro temporário é a de manter a proteção por um período suficiente para que seus beneficiários possam atingir a própria independência financeira.
  • Vida Inteira ou Vitalícios:
    • Visa garantir o recebimento da indenização, seja pela morte do segurado ou pelo resgate da reserva financeira.

Como são planejadas essas reservas?

Basicamente a reserva financeira, também conhecida como PMBaC (provisão matemática dos benefícios a conceder), é planejada para financiar a taxa nivelada de acordo com o tempo de contratação, sendo assim, quanto maior o tempo de contratação, maior será a parcela necessária cobrada do segurado para manter esse financiamento.

Outro fator importante para constituição da reserva é a taxa de juros. As reservas são aplicadas em renda fixa (títulos com taxas pré-fixados), portanto quanto maior a taxa de juros do mercado no momento da contratação do seguro, menor será o valor da parcela necessário para manter o financiamento.

Sendo assim as reservas acabam sendo estruturados da seguinte forma:

  • Temporários:
    • A reserva é planejada para durar exatamente o tempo de contratação, portanto quando mais próximo da data do vencimento do seguro, menor será a reserva disponível.

Os seguros temporários ainda possuem uma outra categoria de produtos que, além da reserva para manter a taxa nivelada, oferecem uma cobertura adicional de sobrevivência, com a constituição de uma segunda reserva. Sendo assim:

  • Temporários Dotais:
    • Mantém duas reservas financeiras, uma para a cobertura principal e outra para a cobertura de sobrevivência.
  • Vida Inteira ou Vitalícios:
    • A reserva é planejada de forma crescente até que o segurado possa resgatar praticamente o valor da indenização contratada de forma integral, quando atingir a idade de 100 anos. Quanto maior a idade no momento do resgate, maior será o valor a ser resgatado. Os produtos também permitem a conversão das coberturas.

Alguns produtos de vida inteira permitem a contratação de capitais decrescentes, ou seja, a indenização, assim como a reserva, é estruturada de forma a reduzir os valores de indenização e resgate possíveis, conforme o segurado for ficando mais velho. A proposta desta opção é a de que, com o tempo, os beneficiários precisarão de uma indenização menor, por já terem conquistado sua independência financeira, portanto:

  • Vida Inteira com a opção de indenizações decrescentes:
    • O valor contratado de indenização inicial é reduzido ao longo do tempo de permanência, sendo assim as reservas também se acumulam em valores decrescentes, o que faz com o que o valor pago pelo seguro seja menor.

Como funciona a conversão das coberturas?

Em caso de desistência do seguro, ao invés de resgatar a reserva financeira (se prevista nas regras do produto), é possível converter esse saldo de duas formas:

  • Saldamento: O saldo da reserva financeira é utilizado para manter uma indenização proporcional ao valor da indenização inicialmente contratada, pelo tempo restante da contratação da apólice.
  • Benefício prolongado: O saldo da reserva financeira é utilizado para manter a indenização inicialmente contratada, pelo tempo que durar o saldo disponível.

Tipicamente o saldamento é mais utilizado nas contratações temporárias e o benefício prolongado nas contratações vitalícias. As contratações vitalícias também permitem a opção de saldamento, embora esse tipo de contratação não tenha um tempo definido é possível estipular um tempo de proteção com indenização proporcional. de acordo com o saldo disponível

Como funciona o resgate da reserva financeira?

Sempre lembrando que o resgate é uma opção para o caso de desistência do seguro.

Em caso de opção pelo resgate é preciso avaliar as regras de acordo com o produto, tipicamente alguns pontos são comuns:

  • Carência: Tipicamente não é possível optar pelo resgate antes de 24 meses de permanência. Há também uma tabela progressiva que limita o total da reserva que pode ser resgatado, também de acordo com o tempo de permanência. A totalidade do saldo das reservas costuma começar a estar 100% disponível somente depois de mais de 100 meses de contratação.
  • Taxa de juros e carregamento: O saldo da reserva financeira é corrigido por uma taxa de juros, mais a correção pela inflação, prevista em contrato, descontado das taxas de carregamento. Taxas de carregamento são as despesas que as seguradoras tem com a gestão do produto.

Também é necessário avaliar como é a  previsão de regate para cada tipo de contratação:

  • Temporários:
    • Tipicamente não permitem resgate das reservas, somente  a conversão para saldamento. Caso o produto permita o resgate pelo segurado não será possível o resgate pelos beneficiários, em caso de morte do segurado. Nesse caso os beneficiários recebem somente o valor da indenização contratada.
  • Temporários Dotais:
    • Tipicamente permitem o resgate somente do saldo da cobertura de sobrevivência. O saldo desta cobertura também pode ser resgatado pelos beneficiários, em caso de morte do segurado, além da indenização contratada.
  • Vitalícios:
    • Permitem o resgate do segurado. Não é possível o resgate das reservas pelos beneficiários em caso de morte do segurado, nesse caso somente o valor da indenização contratada é devido.

Vale a pena?

Em todos os produtos comercializados em regime de capitalização, sem exceção, existe um aviso de que não se trata de um produto financeiro. 

Caso o objetivo seja, de alguma forma, um ganho de capital, este não é o objetivo.

A ideia da constituição da reserva financeira é sempre para o financiamento da cobertura principal em si e a comparação é sempre com a alternativa dos produtos de repartição simples, que não constituem reservas.

Sendo assim a questão é se vale a pena pagar o maior preço pelo financiamento da taxa nivelada. A resposta sempre vai depender de seus objetivos.

No longo prazo pode valer a pena contratar os produtos em regime de acumulação, mas a ideia de “longo prazo” pode ser diferente para cada pessoa.

Condições presentes e futuras das taxas de juros também podem refletir em vantagens e desvantagens de cada modelo. Em momentos de taxas no presente mais altas se pode contratar o seguro por valores mais baixos. Caso as condições mudem para taxas mais baixas no futuro as vantagens podem ser maiores. Da mesma forma, cenários inversos, com taxas presentes mais baixas e que subam no futuro, podem ser desfavoráveis para essa forma de contratação em relação às alternativas sem constituição de reservas.

Portanto a análise depende muito de condições que não podemos controlar, sendo assim a resposta sempre vai depender do objetivo de contratação de cada pessoa.

Estamos sempre disponíveis para prestar esclarecimentos adicionais, não deixe de nos contactar se precisar!